sábado, 18 de dezembro de 2010

Peregrinação a Santiago de Compostela ....

Tentarei expressar o mistério da minha caminhada/peregrinação de Bragança a Santiago de Compostela.
    - Motivação
     Obedecer a ordem misteriosa?
Tentar encontrar o caminho que  conduza à Eternidade, à Terra Prometida, ao ponto onde "Todolos Rios" do Paraíso se cruzem?
     Não sei.
    - Companheiros
    Grupos de Amigos dos Caminhos de Santiago de Bragança e de Zamora.
   - Rota seguida
   Caminho Português, Rota de la Plata.
Rota de la plata a partir de Zamora

   -Trajecto/Peripécias
Inicialmente, as caminhadas foram suaves, faziam-se de quinze em quinze dias, com o apoio do autocarro dos nossos amigos zamoranos. Tornaram-se mais penosas por termos feito pausa nos meses de verão por causa do calor e da afluência de peregrinos e, finalmente, por motivos de de saúde e familiares de alguns de "nuestros hermanos" terminámos apenas  nos dias 27 e 28 de Novembro, dias muito frios que a mim me provocaram queimaduras na pele.
Esquecendo o cansaço e o frio  chegámos alegres, comovidos e interrogativos a SANTIAGO.
Dias houve em que fizemos 20/25/30 KM de "andadura", como dizem os espanhóis,  calcorreando vias romanas e outros trilhos mais ou menos sinuosos, ao sol ou abrigados por frondosa vegetação, tentando sentir, ouvir, olhar e ver as pequenas coisas da vida presentes em cada recanto. Por vezes,  deliciavámo-nos por locais maravilhosos,  marcos da história milenar da península que atestavam a passagem de gregos e romanos por essas paragens que explorávamos histórica e culturalmente. Na raia,  depois de Vinhais, seguindo por engano o caminho dos contrabandistas pudemos adivinhar as agruras de quantos tentavam iludir a vigilância dos "carabineiros". Saliento como os  locais mais emblemáticos  que percorremos: Monterrey,  Xinzio de Limia, Allariz, Santa Marina de las Augas Santas, Orense, Oseira, Lalin, Silleda e Santiago.
Como não podia deixar de ser, esporadicamente, fomos acometidos por reacções não muito consentâneas com o espírito do peregrino mas justificáveis pela exaustão dos corpos e das almas. A noite que passámos em Orense  teve algo de vigília medieval, pois foi passada num pavilhão gimnodesportivo há muito desactivado, desabrigado, contíguo ao Matadouro Municipal, onde as irmãs vaquinhas, talvez pressentindo o fim,  entoaram, toda a noite, hinos ao Criador, que, embora contrariados, acompanhávamos.
A Peregrinação terminou com a Missa dos Peregrinos, às 12 horas, na esplendorosa Catedral. Foi algo de inesquecível, viam-se rostos com lágrimas, olhares cansados mas irradiando felicidade, alívio por ter chegado à meta, merecendo plenamente a "Compostela" - Certificado da Peregrinação-, honrando o bordão, a concha e a cabacinha, símbolos do peregrino. Éramos impelidos a concluir que os Caminhos de Santiago aliam  a fé, a cultura e a natureza. Deslumbrante era observar a precisão com que o "botafumeiro" atravessava a nave lateral, incensando toda a Catedral.

    - Bençãos
    Muitas para todos os escribas e amigos do blog, expressamente pedidas por mim.

    - Conclusão
Parece-me que terei de continuar o caminho e ir a Roma, pois nem Jerusalém nem Santiago me fizeram encontrar a Terra Prometida...
Termino sentindo profundamente o poema de D. Alfonso Castro, que transcrevo:

                                 "Peregrino:
                                 Solo amar es caminar.
                                 Tu prójimo es tu senda
                                 Y la Gloria que tanto buscas
                                Tu prójimo es tu inmortalidade!"

Um abraço para todos da UM
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Descriçao brilhante feita pela UM , Antiga Aluna e Professora do nosso Liceu . Denota muita emoção , muita cultura e muita amizade por todos nós. Pela parte que me toca agradeço profundamente este teu testemunho e as bençãos que pediste . Muito obrigado

5 comentários:

Anônimo disse...

Perdoe-me a Urze do Monte a quem felicito pela sua coragem em fazer tantos quilómetros motivados pela fé, mas é no entanto por aqui que encontro a única maneira de chegar ao/à administrador/a deste blog, para expressar a minha opinião à cerca dele, blog!
Este blog da AAALB é chato, repito chato e explico porquê: um blog tem que ser como “ um rio vivo sem nunca ultrapassaras margens”, traduzindo por miúdos, como rio devem nele fluir as ideias, as opiniões por contrárias que sejam às das que nele escrevem, mas sem nunca ultrapassar o razoável, sem ofender… não deve servir apenas para nos comentários se dizerem coisas do género “gostei muito…continuem” “parabéns, muito bem…” com isto não quero dizer que não se elogie este ou aquele procedimento, mas um blog para ser vivo e para ter longa vida quer-se truculento ou seja, onde se ponham e contraponham opiniões. Ora nada disto acontece no Blog de AAALB e por isso se compreende que tantos posts tenham 0 comentários. Depois acrescento a falta de democracia na sua gestão o que já anteriormente fiz e por isso o meu comentário não foi publicado mesmo não tendo ultrapassado as "margens" de que falei! Se há um “dono” do Blog ele/ela deve reflectir sobre a sua atitude. Se em nome da liberdade de expressão até o WikiLeak tem acérrimos apoiantes!
A prova do espírito democrático deste blog ver-se-á quando este meu comentário for ou não publicado, mas estou quase certa que não será!

Anônimo disse...

Desculpem, esqueci-me de assinar o comentário anterior! Madalena Cabral

Anônimo disse...

Lastimo a precipitação do/a gestor/a do blog que agiu por impulso e não viu que enviei de imediato um 2º comentário em que pedia desculpa por me ter esquecido de assinar, Madalena Cabral.
Acho que agora era o/a AALB que devia pedir desculpa dos termos em que se expressa e por ter vetado esta minha resposta a partir da sua resposta, levando-me a voltar a utilizar a interessante descrição da viagem da UM a Santiago de Compostela e a sua determinação para continuar a procura da Terra Prometida
Madalena Cabral

Anônimo disse...

Urze do Monte, depois de ter usado o seu post para uma pequena “escaramuça” com o administrador deste blog, e pelo que na altura lhe pedi desculpa, venho agora fazer um pequeno comentário à sua intenção de procurar a Terra Prometida em Roma!
Desengane-se, se não a encontrou em Jerusalém e no duro Caminho de Santiago não será no luxo do Vaticano que a encontrará! Lá, só nos podemos questionar porque há privilegiados e deserdados neste mundo, e isso abala-nos a fé, a não ser que essa fé seja tão cega que não nos deixe ver o fausto que nos rodeia e quem para ele contribuiu… há muitos séculos que Roma não é a Roma de S. Pedro!
A meu conselho (desculpe-me a ousadia) vá a Roma sim mas para apreciar muito da história da Humanidade que a cada esquina nos espreita, embora essas marcas tenham o cunho do dominador, a sua beleza e imponência faz-nos esquecer essa realidade…
Só a “conheço” por este post mas pelo que escreve fez-me admira-la pela sua Fé, fé que infelizmente eu não consigo ter…
De alguém que conhece razoavelmente Roma
Madalena Cabral

Anônimo disse...

Madalena Cabral,
Pelos vistos a escaramuça era injusta e desnecessária!...Folgo por ambos terem enterrado o machado.
Apreciei o seu comentário. Usei a metáfora da "Terra Prometida" para simbolizar o vazio, a insatisfação que a mim, que sou crente também me atormenta, mesmo quando atinjo um patamar tão elevado.
Obrigada pelo conselho. Claro que não irei a pé, de bordão, concha e cabacinha a Roma. Fá-lo-ei de avião, etc.,etc.. Lá darei oportunidade à minha fé, vendo o Papa, na Praça de S.Pedro, visitando as igrejas, ouvindo as missas que achar necessárias. Mas como deixar de apreciar a beleza da Fontana de Trevi, a "dolce vita", a História presente em cada monumento, em cada eaquina?
Vá aparecendo no blog. UM