quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Fixai este lugar ...


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Daqui a dois meses ,vamos encontar-nos lá 

sábado, 18 de setembro de 2010

Pratos simples


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(Macarrão com Carne Guisada)
Consta-me que eu, enquanto criança, era difícil para comer. Nunca tinha apetite. Fui submetido à tortura do óleo de fígado de bacalhau, depois aliviado com a chegada do Iodarsolo. Lembro-me de ouvir as perguntas ao médico sobre a minha falta de apetite e se estaria doente até que, pelos oito anos, admitiram que poderia sofrer de raquitismo. Assustados, os meus Pais, rumaram comigo ao Porto consultar um especialista. É a memória da minha primeira grande cidade. Guardo algumas lembranças dessa consulta que parecia uma coisa doutro planeta. Na rua de Santa Catarina, um prédio antigo e sombrio. O consultório parecia-me a sala de um mágico, associando-o a livros de histórias. Aparelhos e pêndulos, a consulta parecia não terminar, até que, por fim, e com voz autoritária o médico diz: “O garoto não tem nada, precisa é de campo e liberdade…”. Depois, foram dadas instruções para passar as férias de Verão em local de alta altitude, e que comesse quando tivesse vontade. Meus Pais encontraram a solução mais rápida. Fomos para a aldeia de Montesinho passar os meses de Julho e Agosto, regressando para as Festas da Cidade, em honra da padroeira N. Sra das Graças, em Bragança. Por esse tempo apenas tinha mais dois irmãos e, para as férias serem mais animadas, também foram alguns primos engrossar o grupo. Ora, estas surpreendentes férias marcaram para sempre a minha memória de cheiros e sabores culinários.
A aldeia recebeu-nos à boa maneira transmontana. Portas abertas e mesas fartas. Não corríamos o perigo de nos perdermos ou atravessarmos uma rua inadvertidamente ou podermos ser atropelados, pois carros não havia. A minha primeira surpresa alimentar, e que perdura, foram umas “bolas de chicha gorda”. Ainda hoje me fazem salivar. Eram uns pães arredondados de farinha de centeio, que eram recheados com pedaços de toucinho, que a exemplo dos folares, a melhor parte reside na massa que cozeu junto à gordura, que a mantém humedecida, e muito gostosa.
Lembro-me de acompanhar os trabalhadores do campo e de querer partilhar as suas refeições. A comida fora de casa sabia-me melhor. Ora é a partir destas férias que para tranquilidade dos meus Pais eu manifesto vontade de comer. Correr pelo campo e assistir às actividades agrícolas abria-me o apetite. A minha Mãe lá me deixava espraiar mas entregava a alguém do grupo uma trouxinha com umas merendas que imaginava me poderiam apetecer. Com a volta destas merendas intactas, a minha Mãe deixou então de me fazer o farnel. Eu queria, efectivamente, comer a comida que era transportada por uma mula e que alimentava todos os que trabalhavam. Houve dois pratos que me influenciaram para o futuro: batatas guisadas com bacalhau e macarrão com carne. Quanto ao primeiro, trata-se de um simples guisado com as batatas às rodelas, muita cebola e tomate, bacalhau aos pedaços, muitos deles ainda com pele, e feijão verde. Por vezes, como prémio, também havia pimentos verdes ou vermelhos. Que tinha de especial para mim esta receita? Primeiro, possivelmente o ambiente. Depois, as batatas que ficavam muito bem cozidas naquele guisado, que era bem temperado, absorviam aquele saboroso molho. Depois, ouvi chamar a esta receita “Bacalhau com Batatas à Espanhola” e, curiosamente, vou encontrar uma receita semelhante no receituário das Reverendas Madres Agustinas do Mosteiro da Madre de Deus, em Burgos. De certo para dias comuns ou de jejum de carnes. O meu apetite evidenciou-se depois de sair de Bragança e, sempre que regressava de férias, no primeiro almoço era sempre esta a receita com grande fastio dos meus irmãos que reclamavam que por eu chegar eram obrigados a comer aquele prato. Ainda hoje, quando posso, repito os gestos de miúdo a fazer papinha com as batatas ajudado pelo garfo.
A outra receita, macarrão com carne, que sempre associo às ceifas, não me marcou como a anterior. No entanto, e possivelmente pelo tempo que o macarrão ficava na panela, a massa ficava muito cozida. Com o passar dos anos habituei-me a comer as massas “al dente” ou “al punto”. Excepção para o macarrão, que tem que ser sempre bem cozido e que associo também aos nossos famosos ranchos. Recentemente, participei no Capítulo da Primavera / Verão da Confraria dos Enófilos e Gastrónomos de Trás-os-Montes e Alto Douro e muito contente fiquei com a receita de carne escolhida: “Macarrão com guisado de carne Maronesa”. Na minha mesa, a minha amiga Graça Morais exclamou de imediato: “Isto é a comida das ceifas”. Pois é, e foi muito bem escolhida, embora o objectivo fosse mostrar uma forma popular, e boa, de utilizar as partes menos nobres de um vitelo maronês. Comi e fotografei, e lembrei-me das minhas férias em Montesinho!
Costumo afirmar que só há dois tipos de comida: a boa e a má. Depois, da boa podemos ter a popular ou a palaciana, nacional ou estrangeira, nova, molecular, surpreendente, de autor… o que importa é que seja boa, bem confeccionada e bem apresentada. E depois, experiências por que não passei em Montesinho, as refeições sabem melhor acompanhadas com vinho. Mas aprendam a beber com moderação.
© Virgílio Nogueiro Gomes

Aniversário da Casa de Trás os Montes e Alto Douro

Realiza-se no dia 25 de Setembro, sábado, a partir das 17:30 horas. Inicia-se na Sede situada no Campo Pequeno, 50, 3º Esq. O programa é o seguinte:

17:30 h – Sessão de homenagem aos associados mais antigos, com atribuição aos mesmos de diploma e medalha.
19:00 h – Missa por alma dos sócios da CTMAD já falecidos na Igreja da Sra. de Fátima que fica situada na Avenida de Berna, nas proximidades da Sede. Esta missa será presidida por S. Ex.ª Reverendíssima o Sr. D. Gilberto, actual Bispo de Setúbal, nascido em Trás-os-Montes.
20:00 h – Jantar de Aniversário no restaurante transmontano “Apeadeiro” situado muito perto da Sede no gaveto do Campo Pequeno com a Rua de Entrecampos.

As inscrições para o jantar, por razões de espaço, são limitadas a um máximo de 110 pessoas, devendo ser efectuadas até ao final do dia 22, quarta-feira, através do telefone 217 939 311 begin_of_the_skype_highlighting              217 939 311      end_of_the_skype_highlighting entre as 14 horas e as 19 horas. As informações sobre o jantar serão prestadas através do referido telefone.

Contamos com a sua participação.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Jornada de estudo - 24 de Setembro de 2010

Caros Amigos (as)

Espero poder encontrar-vos.

Aniceto Afonso

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

EM DEFESA DA LINHA DO TUA

No próximo dia 18 de Setembro irá decorrer em Lisboa, no Largo Camões, entre as 18 e as 24 Horas uma Vigília em defesa da Linha do Tua.

Esta iniciativa visa reafirmar perante o poder central, na “Semana Europeia da Mobilidade”, o direito das populações transmontanas à mobilidade e o importante contributo que esta linha tem dado, desde a sua inauguração há 123 anos atrás, para essa mesma mobilidade e para o desenvolvimento do Vale do Tua.

Num momento em que, após uma longa luta, foi oficialmente reconhecido o valor patrimonial de excepção desta Linha, com a abertura do processo de classificação pelo IGESPAR, é mais que nunca importante que as populações do Vale do Tua, que todos os defensores da Linha do Tua, façam ouvir a sua voz em Lisboa, para fazer face à ameaça de submersão que continua a pesar, sobre esta via-férrea.

Nesta semana da mobilidade em que os Governantes deste país vão se desdobrar em iniciativas demagógicas sobre este tema, é muito importante que os activistas Verdes marquem presença nesta Vigília, para dar continuidade à luta que temos travado em defesa desta linha. A nossa presença servirá ainda para reafirmar o direito à mobilidade como uma componente essencial do desenvolvimento e da modernidade, para defender o caminho-de-ferro, transporte amigo do ambiente, e ainda para defender os valores patrimoniais deste país, dos quais a Linha e o Vale do Tua são um exemplar único que deve ser preservado e contribuir para o desenvolvimento da região e do país.

Durante a Vigília haverá diversas animações de carácter cultural.

Esta é uma iniciativa unitária, que reagrupa várias organizações e na qual “Os Verdes” estão muito empenhados. Como tal contamos com a tua presença, mas também com o teu contributo para mobilizar mais amigos e companheiros.

Até Sábado no Camões.

Pela Comissão Executiva de “Os Verdes”

Manuela Cunha

EM DEFESA DA LINHA DO TUA

Ergue a tua Voz
À luz da Lua!
Junta-te a Nós,
A linha é TUA!

O comboio vai passar
Traz nele uma criança
Está feliz, vem a cantar
Muito perto de Bragança!


VIGÍLIA - 18 de Setembro de 2010,
Das 18h às 23h, Largo do Camões, Lisboa




Juntos pela mesma Causa, porque…
                                                             A LINHA É TUA!

sábado, 4 de setembro de 2010

Gastronomia Património Cultural

Porco bísaro
Estávamos no tempo durante o qual eu ainda ouvia e lia muito. Ainda falava pouco. E me vi envolvido num grupo de trabalho onde estava Maria de Lourdes Modesto, Maria Emília Cancella de Abreu, Luis de Sttau Monteiro, Gentil Marques e Hélder Rodrigues entre outros. Decorria o ano de 1982 e aquele grupo reunia-se na Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa coordenado pelo seu director e sob a tutela do Secretário de Estado do Turismo. Os seus objectivos eram lançar as bases para a classificação da nossa gastronomia e, em simultâneo, instalar eventos e acções do melhor do nosso património culinário. Veio de França um representante do Instituto de Artes Culinárias para apoiar este projecto e indicar pistas para prosseguir. Ainda me lembro de ter sido organizado um Concurso de Gastronomia Tradicional Portuguesa, com etapas regionais conforme as grandes regiões gastronómicas ainda hoje actuais. Foi lançado também o evento com prémio para o “Melhor Artigo sobre Gastronomia Tradicional Portuguesa”. Esta edição deveria ser anual para incentivar a publicação de matérias sobre aquele tema. Atribuiu o prémio a Manuela Teresa, autora de um conjunto de três textos publicados no Correio da Manhã com os títulos: “Se não fosse a República ainda hoje não conhecíamos o segredo dos Ovos Moles”, “Receitas de bacalhau vão parar ao museu” e “Caldeirada de enguias o pão de muitos” saídos respectivamente em 28, 29 e 30 de Setembro de 1982. Os prémios dos Concursos de Gastronomia e do Melhor Artigo foram atribuídos em 1983 e não tiveram continuidade ...

Virgílio Gomes  

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